Humberto de Campos: O Cajueiro

Cajueiro de Humberto de Campos

O CAJUEIRO –  UM AMIGO DE INFÂNCIA

Um dos textos mais primorosos das Memórias de Humberto de Campos é UM AMIGO DE INFÂNCIA.

Estando Humberto de Campos em Parnaíba-PI, em 1896,  a natureza lhe ofereceu um presente, um amigo.

“Entrava eu no banheiro tosco, próximo ao poço, quando os meus olhos descobriram no chão, uma castanha de caju que acabava de rebentar, inchada, no desejo vegetal de ser árvore. Dobrado sobre si mesmo o caule parecia mais um verme, um caramujo a carregar a sua casca do que uma planta em eclosão.” O menino plantou a árvore, molhando-a todos os dias. Quando saiu da cidade, três anos depois, com destino a São Luís, a despedida mais difícil foi a do amigo: “Aos treze anos da minha idade, e três da sua, separamo-nos, o meu cajueiro e eu. Embarco para o Maranhão, e ele fica. Na hora, porém, de deixar a casa, vou levar-lhe o meu adeus. Ele não diz nada, e eu me vou embora. Da esquina da rua, olho ainda, por cima da cerca, a sua folha mais alta, pequenino lenço verde agitado em despedida.”

Ainda hoje, 2020, esse amigo, o cajueiro, com quase 125 anos, está frondoso e encantando os visitantes, em Parnaíba.

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